segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Tuberculose encontrada em linfonodos em matadouro de bovinos
É uma enfermidade antiga,
todavia muito difundida, porém muitos colegas nossos veterinários jovens não
tiveram ainda o privilégio de ver. Aqui neste postamento mostra-se alguns
linfonodos comprometidos como mostra as fotos. Tipicamente se trata de uma
enfermidade infecciosa crônica ou granuloma produzido por uma bactéria do
gênero Mycobacterium e que é muito semelhante em todos os animais que são
afetados. Os gêneros Mycobacterium se encontram numerosas espécies, algumas
amplamente distribuídas na natureza como saprófitos e patógenas ocasionais.
Esta enfermidade nos bovinos é muito importante em certas regiões. Talvez a denominação tisica fosse melhor que
tuberculose, pois nesta doença nem toda lesão é granulomatosa ou se apresenta
em forma de tubérculo. As lesões da tuberculose são de dois tipos: produtiva e
exsudativa. Produtiva também chamada proliferativa ou granulomatosa,
caracterizam-se pela formação do tubérculo ou folículo tuberculoso a qual deu o
nome a doença. O tubérculo ou folículo tuberculoso é uma lesão de dimensões
variáveis indo desde o tamanho milimétrico até centimétricos como demonstrado
nas fotos. A macroscopia de um tubérculo é geralmente de um nódulo firme ou
duro, de cor brancacenta, cinzenta ou amarelada, de um milímetro a três
centímetros de diâmetro como mostra as fotos. A superfície de corte é amarela,
caseosa com centro necrótico, seco e sólido em contraste com o pus dos
abscessos. É comum a mineralização e ao corte um tubérculo tem-se a sensação de
areia e um som peculiar que indica a presença de material calcário. As formas
anatomopatológicas da tuberculose e sua evolução se apresenta como tuberculose
primária e de reinfecção. Lembramos que a primo infecção e a reinfecção ocorrem
somente no homem e nos bovinos. Nos outros animais só se tem observado a
tuberculose primaria também chamada complexa primário tuberculoso ou complexo
primário de Ranke que é a primeira lesão tuberculosa de um organismo. É assim
chamado porque se compõe de dois elementos fundamentais que é a lesão primaria
no ponto de inoculação e lesão no linfonodo regional satélite correspondente à
região infectada. A localização do complexo primário varia com a porta de
entrada que são quatro as vias principais de invasão como vias aéreas ou
respiratórias (infecção aerógena), via alimentar ou digestiva (infecção heterógena),
via congênita (infecção placentária) e via cutânea. Pela via aerógena, o
complexo primário se localiza no pulmão e linfonodo do hilo pulmonar, pela
digestiva, se localiza no intestino delgado e linfonodo mesentéricos; pela via
congênita a infecção se propagara através dos vasos placentários e o complexo
primário se formará no fígado e linfonodo do hilo hepático trazido os germens
ao feto pelos vasos umbilicais. Esta via é de alguma importância nos bovinos
porquê 0.5% dos bezerros recém-nascidos quando examinados tem tuberculose. Esta
via congênita tem pouca importância nas outras espécies porque somente nas
vacas é comum a endometrite tuberculosica. A via cutânea é relativamente rara.
No complexo primário é observada a lei de Cornet, isto é, sempre que há lesão num órgão há lesão no linfonodo
correspondente. O complexo primário pode se apresentar completo ou incompleto.
Será completo quando encontrarmos as duas lesões (lesão primária e do linfonodo
satélite; será incompleto quando a lesão primária, por ser muito pequena ou
cicatrizar se logo, não é perceptível. Há apenas como sinal da complexa lesão
do linfonodo satélite. A evolução da tuberculose primária pode apresentar três
possibilidades de evoluções: Evolução para a cura; evolução para a latência; e
generalização precoce. Na evolução para a cura a lesão pequena pode ser
reabsorvida ou curar-se por fibrose ou por extensa mineralização do material
caseificado. Outras vezes não há cura, mas o complexo primário é
particularmente fibrosado ou mineralizado, ou encapsulado. Na evolução para a
latência o complexo primário fica parcialmente curado, isto é, parcialmente
fibrosado e mineralizado, mas contendo ainda bacilos patogênicos. Tem-se assim
uma infecção latente. Estes focos latentes desempenham papel muito importante
na tuberculose secundária, de reinfecção. Enquanto o organismo se mantiver em
condições de boa saúde, o animal nada sofre. Mas desde que caia a resistência
orgânica, poderá haver uma reinfecção endógena a partir do complexo latente. Na
generalização finalmente o organismo
pode não apresentar resistência e o complexo primário ao invés de curar ou
entrar em latência, pode se generalizar (é a generalização precoce, para
diferenciá-la da generalização tardia que pode ocorrer na reinfecção). Esta
generalização precoce pode-se fazer por diversas vias: continuidade,
broncógena, hematógenas, e via linfohematógena. Por continuidade a lesão inicial vai aumentando, e invadindo os
tecidos adjacentes. Na generalização por via broncógena dá-se no pulmão pela
aspiração bronquial do material caseificado da lesão primária dos linfonodos. O
processo tuberculoso compromete a cápsula do linfonodo, daqui atinge a parede
brônquica, destrói a parede e a substância caseosa é lançada na luz brônquica.
Esta não tem importância em patologia animal. Generalização por via hematógenas
direta: Comum no homem. Também sem
importância nos animais. Na generalização por via linfohematógena do complexo
primário é a via usual nos animais. A tuberculose de reinfecção é aquela que se dá no organismo já
sensibilizado pela infecção primária, isto é, a que se dá no animal que teve
infecção primária e que teve infecção primária e que se curou, ou ficou com
infecção latente. Só se observa nos bovinos.
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